sábado, 21 de novembro de 2009

A Psicologia e a Astrologia - A linguagem dos símbolos (IV)


Antes de responder a esta questão é necessário que o Astrólogo tenha em seu poder alguns dados essenciais para poder elaborar o Mapa do Céu: a data, a hora (o mais exacta possível) e o local de nascimento da pessoa. Com estes elementos podemos então proceder à construção da sua Carta Natal e posteriormente à sua interpretação ou análise. Os dados essenciais para esta análise visam sobretudo:

1. As posições planetárias nos signos e nas casas e os aspectos formados entre os planetas no momento do nascimento da pessoa.

2. O signo que se encontrava sobre o horizonte (ascendente) no lugar e no momento do nascimento.

A partir daqui, todo o trabalho de análise a realizar recai sobre um instrumento fundamental em Astrologia: a riqueza do seu simbolismo.Tal como na Psicanálise, também a Astrologia apresenta como base ou sustentáculo, um simbolismo antigo que provém da Mitologia. Como podemos explicar que um signo do Zodíaco esteja relacionado com a cabeça, outro com a garganta, outro ainda com o coração e que, a nível psicológico, cada signo represente diferentes realidades; a iniciativa, a imprudência, a desordem e a paciência, o método, a perseverança?

É difícil chegar a uma resposta que satisfaça todas as inquietações, no entanto, é possível encontrar um fundamento para este sistema de símbolos.

Em Astrologia, o simbolismo da Lua está associado à mente inconsciente. Este luminar domina a noite e é também sinónimo do desconhecido, do que está para além da nossa consciência. Algo semelhante contém o simbolismo da nossa mente inconsciente e quando nos referimos à Psicanálise é exactamente este o simbolismo que vigora. O Inconsciente em Psicanálise, é visto como uma parte oculta e obscura da nossa psique, a cujos conteúdos o indivíduo dificilmente tem acesso.

O que convém ressaltar é que as formulações teóricas desta corrente psicológica foram aceites na prática.Podemos estender este enfoque ao planeta Mercúrio, que simboliza em Astrologia, a mente racional, as comunicações, a necessidade de aprender e transmitir conhecimentos. Na antiga mitologia, Mercúrio era considerado o mensageiro dos deuses, embora também estivesse relacionado com as actividades comerciais. É interessante considerar, que o planeta de menores dimensões do sistema solar, possa ter analogia com a mente racional, como se esta fosse uma ilha face ao imenso oceano que é o Inconsciente. Na antiguidade o homem foi sempre considerado como parte integrante do Universo, à semelhança do que acontece com um vasto organismo, ou um sistema, em que todas as partes actuam e se relacionam em conjunto. No modelo positivista, a vida representa apenas a transformação gradual e mecânica da matéria, até chegar paulatinamente às actuais formas. Nesta perspectiva, a origem e princípio da vida encontrava-se resumida ao nosso planeta. A nossa relação com o Universo era, o de simples observadores.

A Psicologia moderna assim como as restantes disciplinas científicas constituíram-se a partir deste modelo. Entretanto, o saber da antiguidade, com as reformulações adequadas, está a ser útil aos cientistas de vanguarda, no sentido da obtenção de respostas às nossas inquietações essenciais; respostas que o modelo positivista não está em condições de poder prestar. Algo semelhante está a acontecer com o ressurgimento da Astrologia no que ao estudo psicológico das pessoas diz respeito.

O Mapa Natal, dá-nos uma panorâmica da pessoa, não só em função do seu âmbito familiar e social, mas também, como expressão de uma relação orgânica desse ser com o Universo; relação que representa um continuum de experiências que se projectam e amadurecem ao longo do tempo.

Outra questão pertinente que deveríamos considerar aqui, prende-se com a validação empírica dos dados proporcionados pelo simbolismo de um Mapa Astral. Que intensidade ou valor estatístico representa um aspecto formado por dois ou mais planetas? Como podemos quantificar uma posição planetária se, para além de considerarmos a sua energia natural, teremos ainda que contar com a sua posição por signo e por casa? Devemos reconhecer que isto é muito difícil de alcançar, mas não mais difícil do que querer quantificar um estado de ânimo, um sentimento ou uma emoção…Isto significa então, que a apreensão da realidade não pode reduzir-se aos métodos tradicionalmente desenvolvidos para estudar o mundo exterior. Fazem falta novas técnicas, novos instrumentos e para o conseguirmos será necessária uma mudança ao nível das nossas próprias consciências.

Fernando Barnabé

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