sábado, 21 de novembro de 2009

A Psicologia e a Astrologia - A linguagem dos símbolos (II)


Não caberia aqui dizer que, tal como sucede em Astrologia, o Complexo de Édipo seja algo externo a nós próprios. Se assim fosse, como é que a situação familiar na nossa civilização, cria as condições necessárias para recreá-lo? Por consequência, a interpretação dos símbolos em Astrologia, não é algo exclusivo desta ciência; o que parece suscitar alguma problemática é o significado que se lhes confere. Esta possível área de sombra, no que à validação dos símbolos diz respeito, pode estender-se para além da pesquisa astrológica a outros campos das ciências humanas. A Psicanálise, por exemplo apresenta correntes distintas e cada uma atribui a sua interpretação aos símbolos do inconsciente.

Poder-se-á argumentar que, por mais que a Psicanálise tome como base a mitologia Grega, a experiência em família é algo concreto, directo, que todos nós vivemos, não se passando o mesmo com os planetas, base do simbolismo astrológico.Importa no entanto sublinhar, que o Universo não existe fora de nós próprios, mas precisa do observador para existir; portanto, cada vez que observamos a realidade estamos a criá-la. O simbolismo está presente em todas as disciplinas científicas, de tal forma que a nossa dificuldade em aceitar o simbolismo próprio da Astrologia reside mais num prejuízo intelectual que na suposta realidade do mesmo. Tudo depende do ponto de vista do observador.No decorrer deste século, o psicanalista Carl Jung, entre outras técnicas provenientes do Oriente, recorreu à Astrologia considerando que a mesma representava “a súmula de todo o conhecimento psicológico da antiguidade”.

O que se pretende com esta citação, não é atribuir um valor absoluto à Astrologia, mas constatar que um investigador tão meticuloso e relevante como foi Jung tenha encontrado elementos tão importantes na Astrologia que o induziram a aceitá-la e a valorizá-la como um instrumento de auto conhecimento. Dane Rudhyar, outro notável astrólogo da nossa época, estabeleceu um paralelismo entre a Psicologia Profunda e a Astrologia, realçando a possibilidade de analisar-se a estrutura do Eu através do horóscopo. Na sua obra, A Astrologia e a Psique Moderna, refere que, “todos os seres possuem uma estrutura básica”, “um destino”, se entendermos por destino, um plano segundo o qual, o que era potencial ao nascer pode concretizar-se durante a vida.

Esta nova forma de ver a Astrologia diz-nos que, na carta natal, está resumido o potencial básico de uma pessoa. Podemos então deduzir naturalmente, que a tarefa do psicólogo, de quem se supõe tenha já percorrido os seus próprios caminhos interiores, seja o de conduzir a pessoa, a partir do seu horóscopo, à descoberta e ao aproveitamento do seu potencial inato.Em relação à função do astrólogo D. Rudhyar afirma, na obra atrás referida: “O verdadeiro astrólogo é um especialista, no que ao desenvolvimento da personalidade do indivíduo diz respeito”, “ele deve conhecer todos os assuntos que afectam a concretização do potencial de um indivíduo”. Nesta perspectiva, o papel do psicólogo com formação em Astrologia, não consiste em informar as pessoas sobre o que lhes poderá suceder concretamente na vida, mas sim, torná-las conscientes quanto à origem de conflitos passados ou problemas que deveriam ter enfrentado, sem que isso tenha representado uma capacidade real de resolução dos mesmos ou uma integração equilibrada dessas mesmas vivências.

Uma análise do potencial contido num horóscopo ajudará a pessoa a tomar consciência dos seus recursos naturais e, através deles, introduzir as mudanças necessárias, que se possam traduzir, em mais bem-estar e maior equilíbrio.Poderíamos perguntar então, em que consiste a Astrologia? Como é possível que o potencial de uma pessoa esteja reflectido numa carta do céu?

(Continua...)

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