sábado, 21 de novembro de 2009

A Ética e a Estética em Astrologia (I)


Quando abraçamos uma ciência, quer seja de âmbito estritamente científico ou social estamos sujeitos a regras deontológicas que devem ser cumpridas, tendo em vista o cabal desempenho das nossas funções.

Tal como um psicólogo clínico se rege por regras deontológicas, fundamentais à preservação da identidade de quem o consulta e nele confia, isto é, os casos clínicos só podem ser divulgados e discutidos entre técnicos (para não citar outras regras igualmente relevantes); também em Astrologia deveríamos (devemos) adoptar a utilização de algumas regras e procedimentos que balizem a consulta astrológica, isto é, que lhe aufiram um cunho ético e estético necessários à sua aceitação como ciência que é.

É quase certo que, todos nós, eternamente aprendizes de astrólogos, começámos por analisar o nosso próprio mapa celeste. Lembro-me desse dia em que, com a curiosidade própria da adolescência, me lancei nessa excitante aventura, consultando numerosos livros e neles várias tabelas, com as quais fui descobrindo o ascendente, a posição dos planetas nas casas e nos signos, os seus aspectos e as fui projectando numa folha em branco, com um círculo previamente desenhado (sim porque nessa altura rareavam os programas astrológicos). Passadas duas horas, ali estava à minha frente o mesmo círculo, agora dividido em doze partes em que gravitavam vários corpos celestes também eles seguindo os seus próprios passos, uns lentos outros em passo acelerado, cruzando-se e entrecuzando-se, libertando vibrações que eram tão só, as minhas vibrações. Um verdadeiro assombro!!!

A percepção de que tinha acabado de construir um instrumento de auto conhecimento, de uma rota celeste em perfeita sintonia com os meus passos terrenos foi na verdade um motivo de grande exaltação. E o que fiz em seguida? Logicamente procurar amigos e conhecidos para poder mostrar-lhes a minha descoberta e poder dizer-lhes que o seu caminho também estava escito no céu, como um “abecedário” a necessitar de descodificação.

Aqui começa verdadeiramente a nossa responsabilidade. É certo que imbuídos pela necessidade de descobrir outras realidades começamos por “utilizar” os nossos amigos e conhecidos como “cobaias”. Também é certo que, por nos estarem próximos, e porque a eles nos ligam os fios invisíveis do afecto, podemos incorrer em determinados erros que, na consulta não podem nem deverão existir.

Penso que é importante focar um aspecto que me parece interessante - nem sempre quem nos consulta esclarece ao que vem. Provavelmente porque julgam que temos capacidades e competências que aos humanos ultrapassam e o possamos adivinhar, ou porque querem testar o nosso saber, julgando que, se não vislumbramos no seu mapa do céu determinada problemática então não mereceremos a sua atenção.


(Continua...)

Sem comentários:

Enviar um comentário